
Santo Afonso de Ligório.
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OS SACERDOTES DEVEM SER SANTOS.
Conseqüências práticas
Devem os sacerdotes ser santos, para não desonrarem o Deus
de quem são ministros, e estão encarregados de honrar:
Serão
santos na presença de Deus e não mancharão o seu nome.
Quanto a Deus, todos os padres devem viver numa perfeita
união com ele e procurar,
mediante a oração, que os seus corações sejam outros tantos
altares, em que arda de contínuo o amor divino.
Considerando tudo quanto fica dito, conclui o Doutor
angélico que, para
exercer dignamente as funções sacerdotais, é necessária uma
perfeição acima
do
comum.
217.
Noutro lugar: “Os que se aplicam aos divinos mistérios
devem
ser duma virtude perfeita”
218.
Ainda noutra parte: Para exercer dignamente
estas
funções, requere-se a perfeição interior.
219.
Devem os sacerdotes
ser
santos, para não desonrarem o Deus de quem são ministros, e
estão
encarregados de honrar: Serão santos na presença de
Deus e não mancharão
o seu
nome.
220.
Se se visse o ministro dum rei a folgar pelas praças
públicas,
a
freqüentar as tabernas, confundido com o populacho, a falar
e proceder
duma
maneira desonrosa para o seu príncipe, — que caso se faria
desse
soberano? É assim que os maus padres desonram a Jesus
Cristo, de quem
são
ministros. Segundo o autor da Obra imperfeita, poderiam os
pagãos ao
falar
deles dizer: Que Deus têm esses que de tal modo se
comportam? Acaso
os
suportaria ele, se não lhes aprovasse o procedimento?
221.
Os Chineses,
os
Índios, que vissem um padre de costumes desregrados,
estariam no
direito de dizer: Como poderemos crer que o Deus que
tais sacerdotes pregam
seja o
verdadeiro?
Se ele fosse o verdadeiro Deus, como poderia, à
vista
da má conduta deles, suportá-los sem participar dos seus
vícios?
Daqui
a exortação de S. Paulo, dirigida aos padres: Demo-nos
a conhecer
como
verdadeiros ministros de Deus, sofrendo com paciência a
pobreza,
as
doenças, as perseguições, velando com zelo pelo que respeita
à glória de
Deus,
e mortificando os nossos sentidos.
Conservemos a pureza do corpo,
entregando-nos ao estudo, para sermos úteis às almas,
praticando a doçura
e a
verdadeira caridade para com o próximo.
Pareceremos tristes, em razão
de
vivermos afastados dos prazeres do mundo, mas gozaremos
sempre da
paz,
que é a partilha dos filhos de Deus. Seremos pobres dos bens
da terra,
mas
ricos em Deus, porque possuir a Deus é possuir tudo.
222.
Tais
devem ser os padres. Devem ser santos, porque são ministros
dum
Deus
santo.
223.
Devem estar prontos a dar a sua vida pelas almas, porque são
ministros de Jesus Cristo, que veio morrer por nós, ovelhas
suas, como ele
próprio declarou: Eu sou o bom Pastor. O bom Pastor dá
a vida pelas suas
ovelhas.
224.
Devem enfim empregar todos os esforços para acender no
coração
de
todos os homens o fogo sagrado do amor divino, porque são
ministros
do
Verbo encarnado, que para este fim desceu à terra, como ele
próprio
nos
ensina também: Vim trazer o fogo à terra, e que quero
eu senão que ele
se
acenda?
225.
O que
Davi pedia com insistência ao Senhor, para bem do mundo
inteiro,
era
que os padres fossem revestidos de justiça.
226.
Compreende a justiça
todas
as virtudes. Assim, todos os padres devem estar
compenetrados da fé
e
viver, não segundo as máximas do mundo, mas segundo as da
fé.
As
máximas do mundo são: “É necessário conseguir bens e
riquezas; é
necessário procurar a estima dos homens; é necessário gozar
quanto possível”.
As
máximas da fé são: “Feliz o pobre; é preciso abraçar
as humilhações,
renunciar a si mesmo, amar os sofrimentos; é necessário
estar animado duma
santa
confiança, esperar tudo, não das criaturas, mas de Deus
somente; é
necessário ser humilde, julgando-se digno de toda a pena e
desprezo; é preciso
ser
manso, praticando a doçura para com todos, principalmente
para
com as
pessoas melindrosas e grosseiras;
é
preciso enfim estar-se revestido
de
caridade para com Deus e para com os homens.
Quanto
a Deus, todos os
padres
devem viver numa perfeita união com ele e procurar, mediante
a oração,
que os
seus corações sejam outros tantos altares, em que arda de
contínuo
o amor
divino. Para com os homens, todos devem praticar o que diz o
Apóstolo
227.
Tomai entranhas de misericórdia, vós, eleitos de Deus,
santos e
caros
a seus olhos. Devem quanto possível prestar a todos os
homens socorros
corporais e espirituais;
a todos, digo, mesmo aos mais ingratos e aos
perseguidores.
Santo
Agostinho dizia: Nada mais ditoso cá na terra, nem mais
agradável
aos
homens que o ofício de padre; mas aos olhos de Deus nada
mais
miserável, nem mais triste, nem mais arriscado para a
salvação.
228.
É grande
felicidade e honra para um homem ser padre: poder
fazer baixar do Céu às
suas
mãos o Verbo encarnado, e livrar as almas do pecado e do
inferno; ser
vigário de Jesus Cristo; ser a luz do mundo e o mediador
entre Deus e os
homens; ser maior e mais nobre que todos os monarcas da
terra; ter um
poder
superior ao dos anjos; ser numa palavra um Deus terreno,
conforme a
expressão de S. Clemente.
229.
Nada mais venturoso, mas por outro lado nada
mais
terrível. Com efeito, se Jesus Cristo desce às suas
mãos para seu alimento,
é
preciso que o padre seja mais puro que a água que foi
mostrada a
S.
Francisco; se é o mediador dos homens diante de Deus,
é preciso, para se
apresentar diante do Senhor, que seja isento de todo o
pecado; se é o vigário
do
Redentor, é preciso que lhe seja semelhante na vida; se é a
luz do mundo,
é
preciso que seja todo resplendor de virtudes. Numa
palavra, se é padre, é
necessário que seja santo; de contrário, se não corresponde
aos dons recebidos
de
Deus, quanto maiores são esses dons, diz S. Gregório, mais
rigorosa
será a
conta a prestar.
230.
S. Bernardo diz do padre: Está ele encarregado
dum
ofício celeste, é o anjo do Senhor; mas é também como os
anjos eleito
para a
glória, ou réprobo e condenado ao fogo.
231.
Por isso Sto. Ambrósio
ensina
que o padre deve ser isento até dos mais leves defeitos.
232.
Donde
se segue que, se um padre não é santo, está em grande perigo
de se
condenar.
Mas que fazem alguns padres, ou melhor, a máxima parte
dos
padres, para se tornarem santos? Recitam o ofício, celebram
a missa, e
nada
mais: nem oração, nem mortificação, nem recolhimento.
Basta
que me salve, dirá algum. — Ó, não, responde Sto. Agostinho,
se
dizes:
Basta, pereceste.
233.
Para ser santo, deve o padre ser desapegado de
tudo,
— dos ajuntamentos do mundo, das honras vãs etc.,
e em especial do
afeto
desordenado a seus pais. Estes ao verem o sacerdote pouco
interessado
no
engrandecimento da família, e todo entregue às coisas de
Deus, dirão
talvez: Por que procedeis assim conosco? — Quid facis nobis
sic? Deverá ele
responder como o menino Jesus, quando encontrado por sua Mãe
no templo:
Quid est quod me
quaerebatis? nesciebatis quia, in his quae Patris mei sunt,
oportet me esse?
(Lc.
2, 49).
O
padre responderá a seus pais: Foste
vós
que me fizestes sacerdote? Não sabíeis que o padre não deve
trabalhar
senão
para Deus? É só a Deus que eu quero dedicar todos os meus
cuidados.
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